quarta-feira, 29 de agosto de 2007

devaneios...

eu era jovem e já ouvia as histórias das batalhas... seria muito falar de antepassados, as histórias eram de pessoas próximas, eram de meu pai, tios e tias... não mais longe genealogicamente que isso, parava apenas uma geração acima. eram uma arte de guerra nova. uma arte violenta, agressiva, e veloz. fazia poucas vítimas, algumas casualidades, mas sempre fatal quando não bem aplicada.

cresci não só ouvindo histórias das batalhas, mas também recebendo lições de como agir, como aplicar aquela arte em meu favor. fui levado a alguns confrontos como mero espectador, algumas vezes propositalmente, outras por obra do acaso. de ver toda aquela ação, não havia modo de não me apaixonar e deixar apenas a esperar a minha vez... a minha vez de aprender... de praticar... de guerrear...

o tempo se passou, chegou a idade que me permitia ir aos campos de batalha e para isso não podia estar sozinho... eu já fazia parte de uma irmandade... éramos poucos, mas bons. 4 no total,
β, α, Δ, e eu, Ω. em pouco tempo meus primos µ e π também se uniram a nós. juntos treinavamos, trocavamos experiências, e íamos para a guerra.

nosso grupo era bom. β era o melhor, sua habilidade com as armas era algo quase que incompreendível. para Δ e π, não existia a palavra medo, não importava o terreno, os adversários, o clima, a hora, eles sempre estavam prontos. α, µ e eu, éramos comedidos, mas não menos habilidosos que isso. outros lutaram ao nosso lado, mas nunca os consideramos irmãos de guerra, como nós 6.

carregavamos as cores da irmandade pelas ruas da vila. bastava encontrar com alguém carregando as cores de uma irmandade rival, para que os jogos de guerra começassem. podiam durar minutos, ou até mesmo horas, até que um se sagrasse vencedor. baixas não eram comuns em minha região. eramos guerreiros nobres nas montanhas altas, jogavamos limpo. em nosso grupo, apenas Δ foi vitimizado, sofreu um pouco, mas brevemente retornou aos campos.

o tempo passou, amadurecemos, largamos a vida de guerra... todos menos β, esse se tornou mercenário e até hoje guerreia pela irmandade que lhe pagar melhor. todos nós o adimiramos, na errônea ilusão que ele nos representa mundo a fora. dos demais, α e π já encontraram uma companheira em matrimônio, defendem as próprias famílias em outros campos de guerra. em menos de duas semanas Δ, também se casará. a maioria continua solta no mundo, cada um defendendo a si próprio, mas cada um fazendo uso de sua própria forma de guerrear, não mais aquela de outrora.

no mais, é só viver em nostalgia, e me policiando para não ceder as tentações e voltar a guerra, mesmo que sem carregar as cores do passado, defendendo apenas a mim mesmo nesse voraz e extenso mundo que vivo hoje.


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