no shopping perto da minha casa, mais exatamente na praça de alimentação, existe uma loja fechada com tapume de madeirite com um puta adesivo colado dizendo "escola de modelos".
é claro que uma profissão de alto garbo e elegância como essa, precisa de um local de igual características para sua escola. nada melhor do que a praça de alimentação de um shopping.
mas não é sobre isso que eu quero falar. é sobre os típicos frequentadores do raio da escola. por duas vezes, flagrei a saída de uma "aula". um povo simples, tudo com cara de zé dend'água ou jão da oreia seca. pais e mães, que num desejo descabido de ter no futuro uma gisele buchen em casa, levam os filhos para aprender como fazer...
cês vão me desculpar, mas se aquilo que eu tenho visto vier a ser o futuro das passarelas, os estilistas tão tudo fudido!!!
não se engane ao pensar que eu me preocupe com essa classe. me preocupo é com essa gente simples que vê num tapume adesivado pintado de branco a solução de seu futuro. é com muito pesar que vejo esse povo sendo enganado pelos "espertos". triste de se ver.
isso me lembra outro dia, que me mandaram abrir uma conta num determinado banco (não cito nomes porque tenho certeza que são todos iguais) por exigência do projeto ao qual me uni para o pagamento do meu soldo mensal. em primeiro lugar, não precisa abrir conta porra nenhuma, tanto é que não abri. em segundo lugar, vocês precisavam ver a dupla de gerentes abrindo conta pra carpinteiros, soldaderes, ajudantes, etc, oferecendo vantagens, cartões de crédito, tudo de bom e do melhor, mas sempre com um custo embutido. fantástico!
me irrita também minha passividade em não me levantar e bradar aos quatro ventos tão óbvia ludibrição instaurada, tanto na porta da escola de "modelos", tanto quanto na cerimônia de "abertura de contas". mas minha passividade se baseia na imensa probabilidade de resultado nulo de qualquer incursão de minha parte. mais que isso, o sorriso daquela gente simples ao sair pensando que em alguns dias receberam um cartão em casa para poder comprar o que sonham e precisam, ou o olhar brilhante ao sonhar com o rico futuro próprio junto aos filhos no exterior, me impede.
fazê-lo, seria como tirar um caramelo embaré da boca de uma criança dizendo que pode ser que aquilo venha a lhe causar diabetes um dia: primeiro, ela não vai entender porra nenhuma, e em segundo, ela vai ficar triste pra bosta.
sei que explica mas não justifica... mas é a vida.