sábado, 17 de novembro de 2007

sábado, 17/11/07, 7:09

a estrela mór de nosso sistema já brilhava no céu das alterosas quando entrei em casa... como previsto, encontrei meu pai preparando o café para ele mesmo... após alguns segundos daquele já manjado ar de desaprovação, um sorriso.

sei que ele foi igual... a diferença é que ele largou a ganda aos vinte e poucos e se casou, dando origem a uma bela família... e eu? bem, eu esqueci de fazer isso.

tudo bem que eu tava pregado na sextinha e devia ter ido pra cama às 7 da noite e não da manhã... mas papo bom + cerva gelada são um veneno pra mim... foram apenas três pit-stops (e isso é pouco! uma vez com o godinho foram 7): uma no baiuca, outra na belinão's, e, fechando, mixido. sempre esbarrando em velhos amigos, sendo obrigado a jogar conversa fora, contar algumas mentiras, e filosofar um pouco sobre o futuro do brasil.

a única merda nisso tudo, é que já se passou tanto tempo, e eu ainda não aprendi a levar a porra dos óculos escuros pra night!!! que merda dirigir com sol na cara na volta!!!!

mas num me apoquento não, um dia desses eu aprendo!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

freio de mão puxado

se tem uma frase que eu gosto de usar é "tudo é uma questão referencial". e é mesmo. tudo que fazemos, vemos, executamos, comparamos com algo para ter noção de tamanho, tempo, eficiência, etc, etc, etc.

com o tempo também é assim. uma criança recém nascida, com uma hora de vida, tem apenas uma hora como referência. uma hora é a vida inteira dela. cada minuto que passou nessa uma hora, foi um sessenta avos dessa vida inteira.

pra mim, hoje, após 31 anos e 38 dias de vida, quando se passa um minuto, não passa de um dezesseis milhões trezentos e ciquenta e oito mil e quatrocentos avos da minha vida... quase um nada... referencialmente, a cada dia, a vida passa mais, e mais rápido.

mas como toda regra tem excessão, essa também tem. ela não é válida para segundas, sextas e véspera de feriado. em qualquer desses dias, parece que puxaram o freio de mão do relógio, e voltamos ao referencial de um bebê com 1 hora vida. um minuto é uma eternidade!!!!

nota de agradecimento

venho aqui emitir os meus mais sinceros agradecimentos aos jovens pastores que, um dia no continente africano, tiveram a perspicácia de observar que seus animais, ao se deliciarem com aquelas frutinhas vermelhas provindas de tão verde arbusto, ficavam excitados.

não contentes pelo não entendimento de tal resultado, resolveram empiricamente a questão: provaram da fruta.

essa fruta tomou o mundo... uma vez seca, torrada, moída, e passada em água quente, se torna um dos líquidos mais fantástico já, por mim, provados.

meu muito obrigado senhores. o café é algo que me dá forças para me levantar da cama no dia a dia. muito obrigado mesmo.

assinado,

marcelão-já-tomei-um-litro-de-café-hoje-wallace

cagaço

ontem rolou um churrar light... quem foi fazer as compras? eu mais dois cabras do trampo.

carrin pesado, cheio de treco, um deles vira e diz "deixa o carrinho aqui pra gente não ter que ficar empurrando.".

deixo porra nenhuma! imagina se um traseunte passa, vê aquele carrinho com um churrasco prontin prontin dentro, anima, e leva pra quebrar tudo, nos deixando na mão. eu ia ficar puto demais!

sei que a chance disso acontecer é próxima de zero, mas existe. se existe, esse risco eu não vou correr!

claro que alguém ficou tomando conta do carrinho, né?

p.s.: não fui eu! hehehehehehe!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

terceirização

no mundo globalizado de hoje, é muito comum o uso da terceirização para facilitar e agilizar certos processos dentro de uma corporação.

pena que a terceirização não funciona no hâmbito pessoal-fisiológico.

imagina só que beleza, durante uma cervejada num buteco, mineirão, etc:

- puta merda! ô vontade de mijá do cabrunco!! ANTÔNIO! MIJA LÁ PRA MIM!!!! E TEM QUE SER AGORA!!!

modelo de quê?!?

no shopping perto da minha casa, mais exatamente na praça de alimentação, existe uma loja fechada com tapume de madeirite com um puta adesivo colado dizendo "escola de modelos".

é claro que uma profissão de alto garbo e elegância como essa, precisa de um local de igual características para sua escola. nada melhor do que a praça de alimentação de um shopping.

mas não é sobre isso que eu quero falar. é sobre os típicos frequentadores do raio da escola. por duas vezes, flagrei a saída de uma "aula". um povo simples, tudo com cara de zé dend'água ou jão da oreia seca. pais e mães, que num desejo descabido de ter no futuro uma gisele buchen em casa, levam os filhos para aprender como fazer...

cês vão me desculpar, mas se aquilo que eu tenho visto vier a ser o futuro das passarelas, os estilistas tão tudo fudido!!!

não se engane ao pensar que eu me preocupe com essa classe. me preocupo é com essa gente simples que vê num tapume adesivado pintado de branco a solução de seu futuro. é com muito pesar que vejo esse povo sendo enganado pelos "espertos". triste de se ver.

isso me lembra outro dia, que me mandaram abrir uma conta num determinado banco (não cito nomes porque tenho certeza que são todos iguais) por exigência do projeto ao qual me uni para o pagamento do meu soldo mensal. em primeiro lugar, não precisa abrir conta porra nenhuma, tanto é que não abri. em segundo lugar, vocês precisavam ver a dupla de gerentes abrindo conta pra carpinteiros, soldaderes, ajudantes, etc, oferecendo vantagens, cartões de crédito, tudo de bom e do melhor, mas sempre com um custo embutido. fantástico!

me irrita também minha passividade em não me levantar e bradar aos quatro ventos tão óbvia ludibrição instaurada, tanto na porta da escola de "modelos", tanto quanto na cerimônia de "abertura de contas". mas minha passividade se baseia na imensa probabilidade de resultado nulo de qualquer incursão de minha parte. mais que isso, o sorriso daquela gente simples ao sair pensando que em alguns dias receberam um cartão em casa para poder comprar o que sonham e precisam, ou o olhar brilhante ao sonhar com o rico futuro próprio junto aos filhos no exterior, me impede.

fazê-lo, seria como tirar um caramelo embaré da boca de uma criança dizendo que pode ser que aquilo venha a lhe causar diabetes um dia: primeiro, ela não vai entender porra nenhuma, e em segundo, ela vai ficar triste pra bosta.

sei que explica mas não justifica... mas é a vida.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

o surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primariamente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo. as características deste estilo: uma combinação do representativo, do abstrato, e do psicológico. segundo os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana.

acredito eu, que no nosso dia a dia, o surrealismo está mais que presente, não sendo apenas um resultado de arte.

minha maior experiência surreal aconteceu no outono de 2001. havia abidicado do conforto em jundiaí, e mudado de trampo. havia de me apresentar no km 12 da rodovia moju-abaetetuba, a algo em torno de 3 horas de belém do pará. num conversa telefônica pra lá de rápida, meu futuro-chefe me convenceu que eu era esperto o suficiente para chegar na obra, sem ser necessário mandar algum motô me pegar.

o trajeto era pra lá de simples: pegar um taxi do aeroporto para o porto fluvial. chegando lá deveria comprar uma passagem combinada belém-arapari-abaetetuba, aonde o primeiro trecho era feito de barco, e o segundo trecho de ônibus. na parte final do trajeto, deveria pedir ao motorista que parasse no km 12 do a estrada supra-citada.

assim o fiz, cheguei no aeroporto, fui para o porto, um calor pra lá de filho da puta, derretendo de com força, fazendo mais que juz a fama de tampa de marmita. esperei o barco, dando início, aquele momento, ao meu atual passa-tempo favorito: admirar as ações, trejeitos e costumes dos transeuntes. só não tinha ainda a máquina de tocar mp3 plugada nos ouvidos, o que me permitiu escutar nomes e termos nunca antes captados pelos meus martelos, bigornas e estribos. começava aí minha viagem surreal.

de baixo de chuva, iniciou-se a incursão rio acima em direção a arapari. uma hora de água em cima e embaixo, mato, mas muuuuito mato, nas múltiplas direções da rosa dos ventos. chegando ao porto de destino, me dirigi ao ônibus. me sentia mais perdido que um muleque procurando a mãe na feira livre na afonso pena. achei o diabo do veículo... na porta, recepcionando os passageiros, se encontrava uma figura deveras peculiar. um cara com algo em torno de 30 anos, trajando, apesar de um calor descomunal, uma jaqueta de couro (daquelas nota 10) com pêlo de carneiro da gola, exibindo na face um ray-ban pra lá de falsi. me dirigi ao mesmo e indaguei se conhecia o canteiro de obras que seria meu destino, recebendo uma resposta positiva.

entrei no busão e segui ao fundo do mesmo, de onde podia observar aqueles nativos, que para mim eram tão peculiares. fantástico! começou a jornada... o motorista, vestido para um inverno londrino, levava o ônibus a uns 120 km/h sem medo algum de ser feliz. no som, nada menos que um disco psicodélico dos beatles (talvez o sgt peppers, mas não me recordo com precisão), pra direita e esquerda só mato, pra frente e pra trás, uma estrada de asfalto pista única sem acostamento, que não passava de um risco negro naquela imensidão vegetal. após um longo procedimento cata-jeca estrada a fora, chegamos aquele mar de lama, que humildemente batizaram de canteiro de obras.

observando aquela cena, circundado de verde por todos os lados, debaixo de chuva, ao som de algo próximo a lucy in ths sky, admirando aquela imensidão de terra liquefeita, ao lado de um james dean look-like, foi que finalmente cai na surreal! percebi que havia chegado o ápice do surrealismo em minha vida. eu fazia, naquele momento, parte de uma tela merecedora de uma parede no moma. era a vida imitando a arte.

aí você se pergunta "putaqueopareo! que caso longo! eu lá quero saber desses devaneios?" por que? por que?!!". eu explico: depois disso, adoro procurar no dia a dia, cenas surreais que passam despercebidas se não prestarmos atenção.

quinta passada, entrei no banheiro aqui do trampo, e peguei mais um desses breves momentos, o qual tomei a liberdade de capturar para postar aqui.


o que para alguns não passa de loucura alheia, para mim é mais um belo exemplo de contato com com a surrealidade.