segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

impotência

é só ver a propaganda do "boston medical group" pra eu dar uma rachadinha com "impotência", afinal de contas isso por acontecer com qualquer um! hehehe!

bem, cá entre nós, bem que impotência ficasse só por aí mesmo, daí uma pilulazinha azul resolvia a treta.

a uns 2 anos e meio atrás numa bela quarta-feira chuvosa em salvador, pela primeira vez em minha vida, eu vim a sentir fundo no osso o que era a verdadeira "impotência". cheguei do serviço, troquei de roupa, peguei a zezé, e me dirigi a academia para mais uma seção de boxe. só um evento me faria desviar de meu costumeiro trajeto via paulo XVI para a academia: deixar dois ovos de páscoa a minha paixão lelê, a mineira-baiana mais espetacular de todos os tempos.

assim o fiz, saí de meu trajeto, estacionei a uns 30 metros da portaria, desci do carro portando os dois ovitos, e segui a pé. um transeunte não muito baixo, não muito alto, nada forte, com uma aparência nada saudável, então atravessou a rua, puxando papo comigo, tentei desvencilhar, quando ele me mostra uma razão para dar-lhe atenção: um 38 cano longo cromado.

naquela noite chuvosa, aquele objeto engenheirado e produzido pelo homem parecia ter luz própria. uma luz macraba, que me seduziu e tomou toda a minha atenção. aquela luz concedeu a aquela criatura um poder imensurável comparado com meu 1,90m de altura e meus fáceis mais de 120kg, sem contar meus conhecimentos em judô, karatê, krav magá, e a arte da mordida-de-vaca (a qual sou faixa preta do oitavo dan). munido daquele armamento, ele e seu comparsa levaram a zezé embora... uma belíssima blazer 4.3 v6.

aquilo, sim, era impotência. eu havia acabado de sentir pela primeira vez em meus ossos, carne e sangue aquele que até hoje considero o mais vil dos sentimentos orquestrados pela mente humana.

poisé, me considerava um homem afastado de vez de tal sentimento, até o dia de ontem, quando a residência dos meus pais foi friamente invadida por desconhecidos, ou quiçá conhecidos, que tomaram como seus alguns pertences de minha família e meus, enquanto alegremente almoçávamos como num costumeiro domingo.

chegar em nossa casa, nosso lar, nosso recanto, um ponto universalmente conhecido por sua costumeira amistosa recepção, de portas abertas a todos os credos, genêros, raças e níveis sociais, e a ver violada e invadida, foi um flash back com sabor absurdo de overdose do evento de dois anos e meio atrás.

mais uma vez me deparo com tal sentimento, e me ponho a me questionar sobre o que fazer. literalmente lutar contra ele? deveria me sentar a porta, munido de minhas recém forjadas kukri e opinel, esperando um possível futuro intruso para partir para vias de fato? quanto deveria esperar? uma noite? um dia? uma semana? talvez tempo indeterminado? talvez em tão me tornar um vigilante, sair a caça, me rebaixar e fazer justiça com minhas própias mãos? ou talvez apenas remoer esse sentimento e deixar que minha alma fique calejada de importência, igual aos policiais que a minha casa vieram numa tentativa vazia de fazer diferença?

melhor não... melhor continuar como sempre fui... passar por cima do acontecido e almejar um futuro melhor... para mim, minha família, e amigos... a aqueles que nos agridem... bem, eles que vão pra puta que o pariu!

ps.: texto mais que necessário... desculpem-me.


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