segunda-feira, 6 de julho de 2009

funcionarismo púbico

não, não está faltando a letra "L" na segunda palavra do título. se trata de meu sutil e justificado protesto.

no início do ano 2000, assim que concluí minha jornada de solenidades e festividades relativas a minha formatura, me dirigi a sessão de ensino da escola de engenharia para requerer meu "histórico escolar gratuito". poisé, quando se forma, você tem direito a levar um pra casa por conta da universidade.

chegando lá, dei entrada no requerimento e fui informado que estaria pronto em 2 dias úteis. macaco velho, conhecedor profundo das artimanhas da escola, dei três dias úteis para não correr risco, e retornei a sessão de ensino:

- boa tarde. vim buscar meu histórico escolar. - me dirigi a não tão simpática atendente, já entregando o protocolo do requerimento.

- só um minuto por favor - ela recolheu o protocolo, se dirigiu a um gaveteiro, e iniciou a procura.

procura essa, pelo visto e ouvido, em vão:

- xi! num tá pronto não, moço... quando é que cê pediu o histórico mesmo?

- a TRÊS dias úteis atrás!
- respondi triste em ver minha estratégia temporal ter sido subjugada.

- só um minutinho que vou ver com a chefe da sessão - replicou minha resposta já se encaminhando a um cômodo interno - dona filomena [nome fictício, cês sabem porque, né?], o moço pediu o histórico ja faz três dias, e não ficou pronto... que que eu faço?

foi quando escutei uma frase que marcaria meu tímpano como o sol marca a córnea se olharmos diretamente:

- senta no computador da maria [nome também fictício], entra com o número de matrícula, imprime, e traz aqui que eu assino.

saí de lá indignado, mas com meu histórico debaixo do braço.

bem, nove voltas ao redor do sol depois, aconteceu um roubo na residência de meus pais [favor se referir ao post "impotência" para mais informações].

naquela ocasião, levaram uma gaveta inteira de minha mãe. gaveta onde se encontravam guardados meu diploma e o supra-citado histórico escolar. como nunca preciso deles, não dei falta.

não dei falta até que o pessoal do curso que estou fazendo me pedir uma cópia autenticada de cada um deles.

desprovido de tais documentos, me vi obrigado a retornar a famigerada sessão de ensino da escola para solicitar uma 2ª via de cada.

chegando lá, recebi 2 boletos a serem pagos única e exclusivamente no banco do brasil, dois formulários de requerimento, e a informação do prazo de 6 a 8 meses pro diploma e 2 dias pro histórico! isso tudo num trato pra lá de não profissional da atendente em questão.

me dirigi ao bb mais próximo, efetuei o pagamento, após enfrentar minutos infindáveis numa fila cheia de zé dend'água, e retornei a sessão de ensino:

- aqui estão os comprovantes de pagamentos, as fichas preenchidas, e as cópias de meu rg e certidão de nascimento... - foi quando resolvi pedir aceleração na entrega de meu histórico - deixe eu te perguntar uma coisa, não tem como acelerar a entrega de meu histórico? retorno amanhã para o vale, e se não pegar hoje, só mês que vem..

- só um minutinho que vou ver com a chefe da sessão - replicou minha resposta já se encaminhando a um cômodo interno - dona gertrude [nome fictício, mas eu tenho quase certeza que era a dona filomena], o moço pediu o histórico, e tá perguntano se não tem como entregar hoje ainda...

a atendente retorna e me informa que a dona gertrude vai falar comigo... eu espero... a dona gertrude aparece, cheia de pompa, com aquele brilho de poder nos olhos que só um rei momo tem no carnaval:

- então, o senhor quer que adiantemos a entrega do histórico?

respondi positivamente, contei minha triste e infortúnia história, e me lembrando dos dizeres gravados em meu tímpano de minha última incursão a sessão de ensino 9,5 anos atrás, soltei:

- além do mais, é só entrar com meu número de matrícula, imprimir e carimbar, não é?

foi quando o brilho nos olhos de gertrude, a bárbara, foi tomado pela cor vermelho-fúria, e ela bradou:

- negativo! é muito complicado! demanda muita atenção! - pausou, respirou fundo, se acalmou e voltou a falar - mas vou ver o que posso fazer - ela, então, seguiu para dentro do departamento, e retornou - olha, vou te quebrar o galho. conseguimos te entregar após as 17 horas.

era pouco depois das 15 horas, e eu teria que gastar o tempo na pampulha-que-pariu. e assim o fiz, retornando a sessão às 16:47, quando recebi o documento (lucrei 13 minutos! hehehe!).

eu sei e ela sabe que podiam me entregar na hora, mas o castigo foi merecido, afinal de contas, quem mandou o retardado aqui menosprezar o serviço alheio. lição aprendida.

mas cá entre nós, pra que essa morosidade toda? é por essas e por outras que destesto repartição pública, faço o possível e impossível para não passar perto. pra mim tinha que ser igual um submarino, americanas ou fastshop: você entra na internet, escolhe o que quer, paga com cartão, e recebe o mais breve possível por sedex ou algum semelhante.

e viva o anarco-capitalismo, que se tudo der certo, um dia ainda há de dominar o mundo!

p.s.: fiquei em dúvida, para substituir "público" com hironia, entre "púbico" e "cúblico", mas achei a primeira mais sútil.


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